quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Sheyla






Sheyla

Era branca que víamos os vasos sanguíneos, azuis, desenhados sob sua pele.
Outra flor chegava ao nosso jardim.
Buscar na memória nossas histórias de vida é árduo trabalho que ao se desenvolver fica prazeroso pela forma com que vemos o tempo que passou e como conseguimos construir vidas ao longo dele.
Mudamos de nossa cidade natal e Sheyla tinha pouco mais de um ano, foram dois dias de estrada com brincadeiras e arrumações para que tudo corresse bem até chegarmos ao nosso destino.
Na nova morada, cercados por amigos não foi difícil a adaptação e Sheylinha logo ficou famosa por sua irreverência e pelas frias em que nos metia, e não adiantavam as recomendações, bastava alguém dizer alguma coisa e ela nos colocava em “papos de aranha”.
Somada à irreverência ainda tinha o nariz em pé ficando zangada por qualquer coisinha que não fosse de seu agrado, nossa salvação estava na Conceição, o anjo da guarda dela que a cuidava e paparicava sendo muito querida e, quando nos deixou para se casar, Sheylinha foi convidada para levar as alianças, responsabilidade que assumiu totalmente não fosse, durante a cerimônia, o cansaço que a fez sentar no colo da noiva quando o padre fazia sua preleção.
Ela adora festas, até hoje, e um belo dia para entrar em uma reunião que havia na casa de nossos vizinhos pegou um colar da mãe, embrulhou e levou como presente para a aniversariante que percebendo a arte, esperou Ana Célia chegar e devolveu a peça confirmando que era artimanha de Sheyla para se empanturrar de doces.
De outra feita estávamos em casa quando resolvi acender a churrasqueira, Ana Célia estava cansada e me disse que não o fizesse pois logo teríamos os amigos em volta e ela não estava disposta a preparar complementos e outros quetais para atender a demanda. Eu disse que não se preocupasse pois manteria a porta da garagem fechada o que não adiantou muito pois logo começaram a chegar os amigos, Reinaldo, Ruy, Afonso e foi quando ele chegou que ela estava na garagem, não deu outra, abriu a boca e soltou “bem que a mamãe falou que a casa ia encher de gente”.
Participou dos "Colibris", grupo de patinadores da AABB de Brasília, fez curso para manequim e fez amigas, um grupo que até hoje se reúne e que é muito unido, até os filhos são quase da mesma idade.
Escrever sobre filhas é complicado porque o assunto é muito grande o que resultaria em livro de vários capítulos e não é esta a intenção. Lembrar para saudar, para agradecer, para fazê-las sentir a importância que cada uma tem em nossas vidas.
Sheylinha nos presenteou um casal de netos (gêmeos), que enfeitam, este termo é mal colocado, o certo seria, bagunçam, a casa dela e nossa de uma forma tão rápida e dinâmica que só se consegue por ordem quando se vão e aí, copiando de alguma leitura, “fica uma saudade cansada”.
São adoráveis. Obrigado filha.

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